"Precariado contra a exploração". Era a frase que se lia Alameda abaixo, depois de cerca de 1000 pessoas lá chegarem integradas na parada do MayDay Lisboa.
A parada começou no Largo Camões, às 12h. As frases que se insurgiam contra a exploração, contra a precariedade, contra os estrondosos lucros dos patrões, decoravam a praça. O almoço barato (ou não fosse dirigido a precários e precárias) acompanhava os jogos precários - o twister precário, onde a flexibilidade era a única resposta para conseguir as coisas básicas da vida; e o jogo da recusa da crise, onde a força e pontaria do precariado se dirigiam ao banqueiro, ao Sócrates e ao Durão Barroso, dizendo-lhes que engolissem eles a crise.
14h30. As pessoas concentravam-se com as pancartas, as faixas e as energias renovadas e preparavam-se para sair do Largo Camões. Estudantes, jornalistas, desempregados/as, tradutores, músicos/as, operadores de call-centers, professores/as, trabalhadoras do sexo, intermitentes do espectáculo, reformados/as, imigrantes, engenheiros/as, arquitectos/as, bolseiros...
Começava o caminho em direcção a uma das catedrais da precariedade: os armazéns do Chiado e envolvente. No momento da descida da Rua do Carmo, desenrolava-se uma faixa desde o elevador de Santa Justa dizendo que tantas e tantos trabalhadores, muitos deles em situação precária, se encontravam a trabalhar para os lucros das multinacionais e sem poder celebrar as conquistas do movimento operário do século XX por direitos laborais. Trabalhadores/as com nome e com cara, trabalhadores/as a recibos verdes, ou a falsos recibos verdes, ou contratos a prazo, ou sem contrato, ou sem hora de almoço, ou...
De caminho ao Martim Moniz onde o MayDay se juntaria à manifestação organizada pela CGTP, cantava-se e gritava-se (com a revolta na voz). "Precários nos querem, rebeldes nos terão", "País Precário sai do armário", "Os bolsos estão vazios, não temos um tostão, estamos pelos pelos cabelos e o lucro é do patrão", "Somos precários, somos precárias, as explorações são muitas por isso as lutas são várias", "Somos muitos mais"...
16h15. No Martim Moniz. Ao mesmo tempo, em Lisboa e no Porto, o precariado juntava-se e batia o pé. Porque "se todos os precários do mundo baterem o pé, o mundo treme".
Rua da Palma. Avenida Almirante Reis. Milhares e milhares de trabalhadores e trabalhadoras mergulhavam a rua em palavras, sons, vozes de luta.
Em frente ao Banco de Portugal, a meio da avenida, os precários e precárias voltaram ao tema da crise. "A crise estala, o precariado não se cala" e rebenta. Centenas de balões explodiam com a revolta de quem vinha ao MayDay. "Não pagamos a crise deles".
Chegávamos enfim à Alameda. Entrámos no mar de gente que era a grande manifestação dos trabalhadores. Ainda a tempo de ouvirmos o Carvalho da Silva dizer que os imigrantes são iguais a nós e devem ter os mesmos direitos. Ainda a tempo de também o ouvirmos dizer que todos os trabalhadores estão contra a precariedade, ao lado dos jovens que são o futuro da luta. Ainda a tempo de mostrarmos a todas as pessoas que o precariado está contra a exploração. Ainda a tempo de sentirmos, no meio de tanta gente, que "o precariado dá luta"!!
A parada começou no Largo Camões, às 12h. As frases que se insurgiam contra a exploração, contra a precariedade, contra os estrondosos lucros dos patrões, decoravam a praça. O almoço barato (ou não fosse dirigido a precários e precárias) acompanhava os jogos precários - o twister precário, onde a flexibilidade era a única resposta para conseguir as coisas básicas da vida; e o jogo da recusa da crise, onde a força e pontaria do precariado se dirigiam ao banqueiro, ao Sócrates e ao Durão Barroso, dizendo-lhes que engolissem eles a crise.
14h30. As pessoas concentravam-se com as pancartas, as faixas e as energias renovadas e preparavam-se para sair do Largo Camões. Estudantes, jornalistas, desempregados/as, tradutores, músicos/as, operadores de call-centers, professores/as, trabalhadoras do sexo, intermitentes do espectáculo, reformados/as, imigrantes, engenheiros/as, arquitectos/as, bolseiros...
Começava o caminho em direcção a uma das catedrais da precariedade: os armazéns do Chiado e envolvente. No momento da descida da Rua do Carmo, desenrolava-se uma faixa desde o elevador de Santa Justa dizendo que tantas e tantos trabalhadores, muitos deles em situação precária, se encontravam a trabalhar para os lucros das multinacionais e sem poder celebrar as conquistas do movimento operário do século XX por direitos laborais. Trabalhadores/as com nome e com cara, trabalhadores/as a recibos verdes, ou a falsos recibos verdes, ou contratos a prazo, ou sem contrato, ou sem hora de almoço, ou...
De caminho ao Martim Moniz onde o MayDay se juntaria à manifestação organizada pela CGTP, cantava-se e gritava-se (com a revolta na voz). "Precários nos querem, rebeldes nos terão", "País Precário sai do armário", "Os bolsos estão vazios, não temos um tostão, estamos pelos pelos cabelos e o lucro é do patrão", "Somos precários, somos precárias, as explorações são muitas por isso as lutas são várias", "Somos muitos mais"...
16h15. No Martim Moniz. Ao mesmo tempo, em Lisboa e no Porto, o precariado juntava-se e batia o pé. Porque "se todos os precários do mundo baterem o pé, o mundo treme".
Rua da Palma. Avenida Almirante Reis. Milhares e milhares de trabalhadores e trabalhadoras mergulhavam a rua em palavras, sons, vozes de luta.
Em frente ao Banco de Portugal, a meio da avenida, os precários e precárias voltaram ao tema da crise. "A crise estala, o precariado não se cala" e rebenta. Centenas de balões explodiam com a revolta de quem vinha ao MayDay. "Não pagamos a crise deles".
Chegávamos enfim à Alameda. Entrámos no mar de gente que era a grande manifestação dos trabalhadores. Ainda a tempo de ouvirmos o Carvalho da Silva dizer que os imigrantes são iguais a nós e devem ter os mesmos direitos. Ainda a tempo de também o ouvirmos dizer que todos os trabalhadores estão contra a precariedade, ao lado dos jovens que são o futuro da luta. Ainda a tempo de mostrarmos a todas as pessoas que o precariado está contra a exploração. Ainda a tempo de sentirmos, no meio de tanta gente, que "o precariado dá luta"!!
MayDay!! MayDay!!
2 comentários:
Eu fui ao MayDay e lá vi raivas, desesperos e impaciências a brotar de bocas, cabeças e corpos FARTOS da injustiça da PRECARIEDADE. «Monstra» que nos leva a vida com a ligeireza de uma bola de sabão. Que nos frustra os sonhos que um dia justamente tivemos. Que nos destrói a cada dia as estúpidas e miseráveis expectativas que ingenuamente vamos alimentando. E que mata agora, e ontem, e antes de ontem já, todos os sonhos de futuro.
Há 16 anos que trabalho precária, tenho 32.
Exijo que a precariedade deixe de matar a minha vida.
E berrarei na rua até que isso aconteça. Sozinha, isolada e também com muita gente, todos os dias. Porque a minha vida é minha e não de um de um patrão.
Escrevo do meu posto de trabalho, às 23h32 do dia 1 de Maio de 2009.
Rita Cruz
super fixe!
Postar um comentário